Não mesmo, quer saber?

Não, você não sabe como me sinto. Nem ao menos perguntei se você se importava. Estou viva. Isto é fato. Me encontro em estado de constância apreciação da vida terrena e seus prazeres. Isto é óbvio. Mas quer mesmo saber o que me impulsiona a continuar a caminhada? Tênis.

Sim, aqueles com sola de borracha e mola amortecedora de impactos. Além de confortáveis, proporcionam momentos de prazer e deleite incríveis quando resolvo tirá-los do meus pés. Minha marca predileta é allstar converse. Como a maioria daqueles que sofrem da mesma idade que eu. Não sou tão jovenzinha assim como falam. Também não passei dos trinta. Tô na fase intermediária. A mesma que muitos (bem-aventurados) estão, e que se vangloriam tanto a ponto de espancar pessoas em paradas de ônibus. Disso eu não gosto.

Mas tem muitas outras coisas a mais no universo que me incomodam. Uma delas é a combinação do calor plus (vulgo +) falta de sorvete de brigadeiro. E eu adoooro brigadeiro. Um dos pecados que me fazem lembrar do simples fato de estar viva. Aí eu volto pro início. Sabe como é, né? Respirar, não sentir dor, caminhar tranquila, dirigir meu carro sem problemas aleatórios e de causa acidentalística.

Sim, sobrevivi a um deles. E sim, eu gosto de inventar palavras. Mas não vem ao caso. Desta vez, aquele 'acaso', bem maltratado pelo tempo e desgastado pelo próprio significado, não conseguiu me pegar de jeito. Nem a mim, nem a ela. Acho que isso vai nos fortalecer. Sei não.

Também me pergunto se isso é um bom sinal providencial e divino sobre como eu devo me portar (ou melhor dizendo: me comportar) diante as vicissitudes da eternidade de uma vida só (grande não?). Já que a franquia do carro passou dos três zeros antes da vírgula. Porém, como tudo na vida (e hoje estou falando muito dela), me proporcionou uma nova maneira de ver e sentir o tal do 'viver e aprender'. Ou talvez, de não perceber como influencio diretamente na minha saúde mental e física.

Vamos aos exemplos práticos e rápidos: aprendi que quando uma pessoa me pede um favor eu devo pensar quinze vezes antes de dizer sim. Independente se é apenas para passar uma fase do Mário Forever ou levar um objeto de um lugar a outro sem acidentes. Pode ser perigoso para os pedestres e motoristas de plantão.

E por falar em acidente, acabo de me recordar que além de causá-los a torto e a direito, eu também sou fruto de um. Ou talvez não, mas não discutirei religião aqui. Afinal, não durmo direito tem mais de quatro dias. Minha ansiedade ainda me acompanha. E inventei de ler cinco livros de uma vez! Se é que isso, ou o resto de tamanha insignificância, importa para você.

Enfim... Esta , além de ser uma das palavras que mais gosto, soa bastante agradável em qualquer frase. Se bem que não é utilizada da forma correta. Mas confesso que não compactuo deste crime sozinha! Tanto eu quanto o resto dos brasilienses universitários a usam. Mas... quem se importa. Nem ao menos me perguntaram se conheço a forma correta de utilização das reticências!

Ninguém perguntou nada mesmo. Nem se aquele acidente de verdade, envolvendo terceiros, quartos e quintos me fez acordar de vez para a realidade da terra dos Homens adultos e Racionais ou me fez adormecer de vez no Planeta das Amoras Estelares.

Quer mesmo saber? Eu gosto de amoras. E já é tarde para uma moça da minha idade ficar acordada. Passar bem e tenha uma boa noite.