Das coisas que não deixei para trás

Querida B, 


Faz tanto tempo que não escrevo que tenho medo de errar. Assim como o faço em todos os meus dias. Errei tanto que não tenho mais dedos e nem paciência para contar. Tem sido assim, a cada momento. Interessante é como, mesmo no meio desse redemoinho de frustrações, eu estar aqui, de pé, erguendo o nariz e continuando como se tudo o que falam a despeito de mim pudesse atingir-me. Deveria, não é mesmo?

Os dias passam como música aos ouvidos. A brisa, sibilante, traz boas novas. Como se o universo estivesse conspirando para um super acontecimento. Ainda não sei qual será. Não tenho ideia do que poderá decorrer disso. Comecei a contar a quantidade de pessoas bacanas venho colecionando. E como, de um ano para cá, renovei. Dizem que a chegada da primavera traz uma sensação de bem estar e alívio. Quero minha parte em esperança.

Minha unica tristeza, unica mesmo, é não poder estar aí. Do outro lado. Sentindo sua graça preencher os espaços. Aqueles que um dia foram nossos. Um lar. Tenho esperança na vida. Sei de muita coisa, mas outras desconheço seu fim. Quero que saibas que para mim não houve um basta. Estamos ligadas. Mesmo que não nos queiram ver juntas.

Espero que isso sirva de alerta. Para que, em pouco tempo, estejamos novamente sentadas naquele mesmo bar. Tomando nossa cerveja e rindo dos problemas dos outros. Seria bom. Seria muito bom.


Saudades, 
K