sete de janeiro

Aqui não precisamos de previsões do tempo. Basta olhar o céu e ver. As nuvens caminham à oeste.

Moramos em uma casa de pilastras. Não há limites. Os muros e paredes são feitos de vento, imaginado por aqueles que visitam. Só as moscas nos cercam. Se cercam!

Lá longe tem a estrada. Dá para vê-la daqui. Há poucos veículos que se arriscam na travessia. E um dia, hei de guiar um deles.

As árvores são linhas retas rumo ao céu. Mas lá em cima, entortam. Como se quisessem voltar ao conforto do solo quente do sol e umedecido pelas chuvas e nascentes.

Estamos no ponto mais alto da fazenda. Daqui vemos tudo que há de mais lonjão nesse mundo. Olhamos atentamente a estrada vazia e tocamos as nuvens. Venta pouco e o calor é imenso. Então... partimos.

O gado gordo do pasto, espera o abate. O magro, corre rumo a engorda. Estou no meio termo. Entre o abate e a engorda. Assim, desse jeito.

Existem muitos coqueiros por aqui. Moramos num país tropical.

Mais ao longe, onde agora bate o sol, pode se ver a mata virgem. E o que a cerca é o pasto. E tem pra toda banda.

Marca-se o bezerro com ferro. Na altura dos 'quadriz'. Acima da coxa. Deve doer.

Queria ir embora. O ruim é ter de voltar. Cê sabe que o que vai um dia ai de regressar. Nem que seja em cima da caixa. E pra isso eu num quero não.

Preciso mostrar pros que vem ver essa terra, que é pra ela que estamos aqui. Obsérvamos tudo. O dia, a pastage, o tempo. Pó perguntá o qui quiser. Um dia me chamarão de velho. Mas não canso não.

Deixa os joven crescê e vê o que os espera. Deixa quieto.