Cinema e pipoca

Mais uma estória sem graça de um casal bobo feito coco

"Essa é uma novidade que quero lhe contar". Ricardo entra em casa meio empolgado com a idéia que acabara de ter. Queria, há muito tempo, levar sua namorada ao cimema, mas com o trabalho e a faculdade ocupando todo o tempo, seria muito difícil manter a promessa. E, olha que fazia um tempão que ele convidou Samara para uma tarde no cinema.

Ricardo e Samara namoravam há três meses, ou melhor dizendo, há exatos 95 dias. Ricardo morava com o tio, irmão mais novo de sua falecida mãe. A tragédia de sua vida provocou no jovem um amadurecimento muito típico daqueles que sofrem tão cedo. Já Samara, melhor amiga de seu primo-irmão (Róger), o conhecia desde sempre, mas nunca olhou para ele de outra forma a não ser na festa de Patrícia, namorada de Róger.

O casal queria muito fazer com que Ricardo e Samara se unissem, então armaram um cinema. Foi numa tarde de sábado quente em Sobradinho. Um daqueles momentos que o mormasso vem acompanhado de enxaquecas. Foram os quatro a sala de cinema da cidade. E desde então, Ricardo sempre prometera levar a garota de volta ao mesmo espaço que os uniu. Mas o trabalho, a faculdade e a disciplina da casa sempre o impediam.

Quando finalmente houve uma folga o rapaz não pestanejou. Inventou de correr de bicicleta na casa de Samara e lá de baixo danou a gritar: "?U-huuuu, Vaamos ao cinema!!!!" Nem preciso contar que Samara pulou do sofá e foi direto pra rua. Antes, pegou sua bicicleta azul-pérola, e foi-se a seguir o namorado.

Eram um casal bonito de se ver. Daqueles que dão inveja aos mais afortunados. Ricardo adorava a cara de encanto da garota quando viam um filme de ação na tv. "- Seus olhos brilham". Foram ver o filme do ano. Tinha a atriz famosa e o ator bonitão, com grande elenco de estrelas bollywoodianas.

Ricardo, que adora filmes indianos, arrumou um cantinho bem aconchegante, entre a 7º e a 9º fileira. Mais específicamente a 8º. O cinema, estava lotado de cadeiras vazias. Na hora dos trailers um barulho estridente invadia a sala. Era a construção de um prédio vizinho ao shopping. A sala não tinha isolamento total. Ambos sorriram e continuaram safurdando a pipoca. O barulho não incomodava muito.

O rapaz estava na espectativa de ver o grande momento. Não, não era o filme que ele tanto ansiava, eram as expressões de espanto e alegria no rosto de Samara. Parecia uma criança crescida, fazendo movimentos e acompanhando as cenas. Incrível como a história não facinava tanto quanto a espectativa da garota. E era tão bonita.

Silêncio, a sessão começou...